Você já deve ter ouvido esse termo, nos últimos anos tem sido cada vez mais falado no ambiente corporativo.
Hoje em dia todo mundo trabalha muito, são prazos apertados, longas jornadas de trabalho, pouca gente para realizar muitas tarefas, exigências cada vez maiores com relação à qualificação profissional, cobranças excessivas, competitividade desenfreada e por aí vai. Com todas essas exigências, tem muito profissional que não consegue manter um equilíbrio saudável entre trabalho e vida pessoal, a dedicação é quase que exclusiva ao trabalho que passa a ser a única fonte de satisfação. Ora, sabemos que o trabalho pode ser muito prazeroso, traz realização e satisfação pessoal, mas apostar todas as fichas nele não é o ideal, aliás, apostar todas as fichas em apenas uma situação, seja ela qual for, nunca é uma boa alternativa. O ser humano é plural, precisa de vários elementos para sentir-se mais perto da completude.
O termo Burnout em inglês significa estar chamuscado, queimado, calcinado por um fogo que se alastra como numa floresta. É assim que o corpo em esgotamento vai reagir, é como uma pane no sistema, um curto-circuito que obriga parar.
Os sintomas da Síndrome de Burnout estão relacionados ao esgotamento físico e mental, decorrente da relação com o trabalho. A pessoa passa a sentir um cansaço extremo, não tem mais energia e tem a sensação de que vai parar de funcionar a qualquer momento. O profissional super competente e engajado no trabalho passa a funcionar de forma automática, sente-se desmotivado, irritado, sem concentração, fracassado por ver seu rendimento caindo e extremamente incomodado com a percepção que estão tendo dele. Apesar do esgotamento, a pessoa ainda se esforça para funcionar como antes, o que só vai piorando o quadro.
No ambiente profissional é bem provável que os colegas e chefes não entendam o que está acontecendo, com o passar do tempo, a solidariedade que pode ter surgido no início dos sintomas, vira hostilidade, motivo de comentários do tipo “fulano não dá mais conta, não funciona mais como antes”. Na família também irão estranhar as mudanças comportamentais.
Pesquisas mostram que os profissionais mais atingidos são os que lidam com pessoas e estão expostos ao sofrimento humano, como enfermeiros, psicólogos, professores, policiais, bombeiros, carcereiros, oficiais de Justiça, assistentes sociais, atendentes de telemarketing, bancários, advogados, executivos, arquitetos e jornalistas, mas também pode acometer qualquer outro profissional. No Brasil, estima-se que 30% dos trabalhadores tenham a síndrome.
Existem também pesquisas que mostram que a síndrome acomete mais mulheres. Sheryl Sandberg, diretora do Facebook, e Adam Grant, professor de administração da Universidade da Pensilvânia, nos Estados Unidos, em artigo sobre mulher e trabalho, publicado no jornal The New York Times, disseram “Elas são mais afetadas porque não se lembram de seguir a orientação das aeromoças: colocar em si mesmas a máscara de oxigênio antes de ajudar os outros.” O dado foi obtido em uma análise de 183 estudos sobre diferenças de gênero e burnout em 15 países. Segundo Sandberg e Grant, uma das razões é a expectativa de que as mulheres realizem, além das suas funções, também o serviço “doméstico” do escritório, como atender telefone, tomar notas, servir café e organizar festas, sem serem recompensadas por isso. Quando negam, são mal vistas, o que pode prejudicar a carreira. “Se o homem não ajuda, é porque está ocupado. A mulher é egoísta”, mostram.
Os sintomas são graduais e progressivos, por isso mesmo a pessoa demora para perceber que tem algo errado e, geralmente, só busca ajuda quando tem a pane total.
Quando esses sintomas começam a se juntar e tomar força, a sensação de fracasso e incompetência é tão intensa que a única saída é parar, é aí que corpo e mente entram em colapso.
Você pode estar se perguntando, “mas todo mundo trabalha demais hoje em dia, eu mesmo trabalho muito e não me sinto assim, porque essas pessoas têm a Síndrome de Burnout?” Assim como em todas as desordens emocionais, é necessária uma junção de fatores para se instalar o quadro, a forma como uma determinada pessoa encara as situações que vive é o que nos diferencia.
Na Síndrome de Burnout são fatores pessoais, profissionais e sociais. Podemos citar o perfeccionismo, a idealização de sucesso focado no trabalho, a competitividade, necessidade de se sobressair, de estar sempre no controle, pouca resistência a frustração, como fatores pessoais. Nos fatores profissionais temos as empresas que não respeitam os limites, chefes pouco presentes e apoiadores, conflitos com colegas. Nos fatores sociais uma questão muito importante dos tempos atuais é a “exigência de ser/ter”, muitas pessoas estão sucumbindo a isso, muitas vezes agindo na contramão de seus próprios interesses, mas crentes que estão atingindo o que é esperado.
A Síndrome de Burnout é reconhecida pela Organização Mundial da Saúde, consta no CID-10 (classificação internacional de doenças) como doença ocupacional, portanto, o profissional diagnosticado pode ser afastado do trabalho. Na grande maioria das vezes o diagnóstico acaba sendo de depressão, a pessoa é medicada, fica uns dias afastada do trabalho e volta para o mesmo ritmo alucinante, claro, que os sintomas irão voltar mais cedo ou mais tarde.
O tratamento é de longo prazo e envolve várias ações: algumas pessoas precisam de medicação, no caso antidepressivos; Psicoterapia para que a pessoa possa entender seu funcionamento emocional, rever conceitos, atitudes que não estão lhe fazendo bem; Mudanças no estilo de vida, é necessário desacelerar, rever a forma como está conduzindo a vida; Meditação e Técnicas de Relaxamento também ajudam muito no controle do stress.
Se ao ler esse texto você se identificou, não espere entrar em pane, procure ajuda.